As mulheres formam metade da população mundial e sofrem as mais diversas opressões, como mutilações em países da África com a supressão do clitóris, censuras em países islâmicos, onde há a proibição da exibição do rosto. Em regiões da Ásia, elas são subjugadas como escravas e prostitutas. O considerado sexo frágil luta para a quebra dos paradigmas que envolvem seu “mundo”, para mostrar que as diferenças entre os sexos não se traduz em relações de subordinações, sejam elas na vida social, profissional ou familiar.
Para essa luta pela defesa e ampliação dos direitos da mulher, surgiu no século 19 o movimento feminista, com o objetivo de conquistar direitos civis, voto e acesso ao ensino superior. No século 20 as reivindicações foram mais amplas, como o direito à sexualidade e à igualdade com os homens no mercado de trabalho. O movimento defendia que as qualidades ditas femininas ou masculinas sejam vistas como atributo do indivíduo e não de um ou outro sexo. Apesar do alcance mundial, o movimento não foi unificado e não possuía uma organização central. Era uma auto-organização das mulheres em diferentes frentes.
Com a conquista do direito de voto, ficou evidente que a igualdade perante a lei não significou a liberação para as mulheres. E, em 1968, com as mobilizações estudantis, a luta dos negros contra a discriminação, todos contra a guerra do Vietnã, surgiram importantes mobilizações feministas que exigiam liberdade sexual, aborto livre e gratuito, creches, direito ao divórcio e igualdade no acesso ao trabalho e à educação. Estas mobilizações foram influenciadas pelas idéias da escritora francesa e feminista Simone de Beauvoir, que defendia a tese de que não existe qualquer sustentação biológica para a idéia da “inferioridade feminina”. Segundo a escritora, o problema está nas relações de produção, pois não existe uma “essência feminina”, e, portanto, “não se nasce mulher, mas se faz mulher”.
Apesar de o feminismo existir há séculos, foi no ano de 1968 que ele se alastrou pelo mundo e organizou um de seus principais protestos: a queima de sutiãs. Aliás a queima propriamente dita não aconteceu. No dia 7 de setembro nas ruas de Atlantic City cerca de 400 mulheres protestam contra a realização do concurso de Miss América. A escolha da americana mais bonita era considerada uma visão arbitrária da beleza e opressiva às mulheres por causa de sua exploração comercial. Elas colocaram no chão do espaço, sutiãs, sapatos de salto alto, cílios postiços, spray de laquê, maquiagens, revistas, espartilhos, cintas e outros “instrumentos de tortura”. Foi sugerido que colocassem fogo nos objetos. Porém, a prefeitura não autorizou o uso de fogo.
As palavras de ordem eram “Nosso corpo nos pertence!”, “Direito ao prazer” e “Diferentes, mas não desiguais!”. E, assim, o movimento feminista cresceu. Não como uma revolta contra os homens, mas a favor da igualdade entre os seres humanos. Era um sindicato de mulheres que tinham as mesmas reivindicações que os sindicatos da época, liberdade de expressão e igualdade de direitos. Combatiam os caminhos que a sociedade tomara, dominada por homens de elite, que impunha a mulheres e negros papéis secundários.
Com o passar dos anos, o movimento se fragmentou em tendências diversas. O modelo tradicional do “ser mulher” saiu de cena e um novo perfil feminino começou a se esboçar. Hoje, suas reivindicações visam o combate à violência doméstica, seja física ou psicológica, o fim da exploração sexual e a situação precária vivida por milhares de mulheres em países conservadores. Mas existem ainda reivindicações que duram desde o passado como direito ao aborto, salário que ainda hoje é inferior ao dos homens, e a principal luta: o fim do preconceito.